sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Franceses no Brasil

Franceses no Brasil

Malsão e comum é o hábito de reclamar. De que adianta? Não passa de certa indisposição ou dor de cabeça controlável com um comprimido qualquer. O espírito temperamental agita-se e a situação continua. Tias, avós e amigos distantes tocam a campainha e sequer foram convidados. Baixam, cheios de malas, a cara e a coragem. Alguns têm a audácia de presentear-nos com caixas de chocolates ou balas, ocasião em estamos proibidos de saborear doces. Infelizes, reclamamos até sozinhos, dentro do banheiro. Norma trouxe do último hotel em que se hospedou a toca de tomar banho e vários sabonetinhos. Todavia, se nos brindasse com pulseira ou anel de ouro daria no mesmo. O que gostamos é de conviver em paz com nossos familiares,
Descontente, tão logo um dos filhos exige o tênis prometido há meses, protestamos e decretamos que já passou da hora dele conseguir um emprego e trazer seu próprio dinheiro para seus gastos, Puxa vida! Já está com 23 anos e não vai à luta, rapaz! Este bate a porta da rua e chispa para a roda de colegas. Infeliz, torna-se sinistro e discute por qualquer brincadeira de maldito gosto.
Isto me veio agora, porque na semana passada um alienígena do Sul da França tocou a campainha e disse ser amigo de meu irmão, cujo endereço não achou e alguém recomendou que se dirigisse à minha casa. Entrou, colocou a mochila no sofá e nem perguntou se poderia permanecer ali. Simplesmente arrumou as roupas sujas e fétidas no quarto de hóspedes e aprazou por quinze dias.
Sem suportar o descaramento, como fosse amiga de importante político, ao lhe relatar o problema, este me ofereceu um caminho, ou seja, deu-me uma passagem aérea Cuiabá/Manaus, de onde viajaria para a Guiana Francesa e de lá para Lion, França.
Deus é bom e sinto que possui infindável senso de humor. Próprio para gargalhar, pois no último dia naquela circunstância, a empregada fez um almoço caprichado e espremeu uma dúzia de laranjas, cujo suco encheu o vaso de cristal. Estava em meu escritório e foi me chamar. Junto dela, vim para almoçar. O suco de laranja desapareceu. François bebeu tudo!
Hoje, dez anos depois, aprendi a dizer não. Rejeito pessoas chacoteadas em minha casa. Que vá para quaisquer albergues, hospedarias, pensões ou hotéis.
Turista francês, creio, confia na sua simpatia e avalia que todo brasileiro seja aparvalhado. Essa não! Ah! Um! Como fala o cuiabano: “Fique até na orêia!” Revoltada.
Zilda, brasileira e moradora em Paris por mais de cinco anos, contou-me que os turistas que baixam na “Cidade Luz”, norte-americanos, são vulgares e acordam a cidade aos berros. Andam de patins. As mulheres são serigaitas. Porém há os sérios, em especial de Boston. Japoneses envenenam as ruas. Polidos geralmente são os alemães e os nórdicos. Estes são fleumáticos. Os franceses gostam muito de alemães. São admiradíssimos, porquanto grande parte deles é rica. Minha amiga chama Paris de presunçosa cortesã.
Ao voltar à França, conforme Zilda, os franceses nos consideram primários e idiotas.

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