segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Confesso que vivi



Mamãe era fora de série, fora do espaço e do tempo, mas sua sabedoria conquistava às camadas mais ecléticas. Há meses atrás conversava pelo telefone com o primo Júlio Paulo de Arruda Adrião, fiho de Deidei e Paulo, oportunidade em que me contou seu prazer de conversar com tia Iza. "Só ela mesma me faria ler aquele livro grosso sobre o Mahtma Gandhi. Valeu!" - destacou. Hoje, o nosso Juca é ator renomado e reconhecido por multidões do nosso Brasil. Leva a peça "Descoberta da América" a quase todos os Estados. É fenomenal! E simples como os lírios e doce como a garapa ou caldo de cana.
Junto a mamãe que teve dez e criou sete filhos, entre os mais desesperados como eu e o mano João Pedro, e o ator Júlio Paulo, pai de dois filhos amados, já que abraçou o jeito de paizão à filha de sua mulher, e ora veja, que beleza de pai!
Junto a idade avançada e sábia à juventude e o talento do jovem ator e reconheço que há pessoas talhadas para alcançar os píncaros da glória. São! Ninguém os esquecem!
Faço um inventário das preciosidades de pessoas talentosas, e noto que nada fiz.
Certa vez mamãe fez uma visita à mulher do porteiro José, do "Palacete de Ipanema", onde morava. Percebeu que o menino tinha as pernas arcadas, ou seja, seria cambaio como foi o grande jogador Garrincha. Aconselhou a jovem mãe a juntar as perninhas do filho, com uma fralda, à noite, nas horas de sono, pois seus ossos ainda estavam moles e o malefício seria corrigido. Ainda lhe prometeu um presente no caso de ao retornar da viagem a Curitiba, ver as pernas do garoto diireitinhas. Sorria, ao contar que a visitou novamente e pode ver o resultado. Deu-lhe um belo vestido.
Aos 84 anos, mamãe sentou-se na cadeira de balanço e, sem lágrima ou suspiros, ensinava-me o que deveria fazer se viesse a falecer em Cuiabá, na minha casa. Desconsertada, busquei contornos ao assunto, mas evidenciou que os filhos deveriam aprender a enterrar seus pais.
Mais isso não é tudo. Mamãe soube viver, lutar destemina e com fibra e quando nem tinha 20 anos, ao ouvir da sogra o conselho de que o melhor para seus filhos era ser usineiros, respondeu-lhe: "Não, dona Adelina, meus filhos vão estudar em Universidades e terão seus quadros de formatura na minha sala de visita." E sabiamente mandou um a um às faculdades de Veterinária, Agronomia, Direito, Artes Plásticas, Jornalismo e Diireito. Seu caçula é hoje o desembargador Hélio Mário de Arruda, professor de Direito Civil da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem um blog com o bom de "Professor Helinho".
Vivo hoje em Florianópolis, ao lado das filhas Marcia e Mara. A primeira é professora de Yoga, vegetariana e espiiritualista. Mara é jornalista da Universidade Federal de Santa Catarina. São seis netos: Marcíola, André Roberto, Bruna, Letícia, Felipe e Marinara. Marinari, meu filho mais velho foi para planos mais elevados que na Terra. Gosto de olhar para os belos rostos de meus bisnetos Fabríccio, Cauã, Bernardo (de 1 mês) e Alice, esperada por Débora e André.
Inverno no Sul não é privilégio, porque venho do calor de 42 graus do Centro Oeste, mas vivo entre vidas de uma gente que sabe ser feliz e agradece a DEUS pela continuidade da vida. Como disse Pablo Neruda: "Confesso que vivi!"

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